Eu escrevo porque preciso preciso sangrar, porque preciso chorar e desistir de tudo ao menos em palavras.Escrevo porque preciso morrer, porque as vezes eu não quero alguém por perto mas ninguém pode saber.Eu escrevo por não falar, pela resposta que eu não soube vocalizar anos atrás, por términos e começos. Escrevo por mim, pra mim mas também pra quem lê, pra quem sente algo e aprendeu a acreditar que não pode dizer.
Eu não escrevo pra quem tem pudor, pra moralistas ou os que só veem o lado bom em todo amor. Eu não sou assim.
Minhas palavras são pra quem cansou de tentar, pra quem, assim como eu, precisa descansar. E vai doer, vai doer em mim e em quem lê, existem demônios em mim que talvez conheçam você.
Eu escrevo por ter ouvido muito sobre deus e pouco sobre os humanos, sobre a crueldade em ser desrespeitada ou humilhada, sobre sentimentos não valerem tanto ou valerem quase nada, sobre ser negra, mulher, lésbica, menosprezada, mas em outras palavras. Escrevo pra quem entende.
Eu escrevo porque amei e amo, por não ter como me defender de sentir demais e nem querer alguma defesa que me afaste do real sentindo de ser humana ou arte. Escrevo por todos os dias sentir que não aguento ver outro dia vir, mas no outro dia eu tô aqui, aí eu escrevo pra quem não desistiu de mim.
Eu gosto de escrever, eu sinto arrepios enquanto escrevo, eu sinto o meu rosto molhado, eu sinto um pouco de paz, da paz que eu tento encontrar desde que cresci, desde que passei a ser mais instável que o normal. Escrevo por precisar de um abraço e pra abraçar quem se sente assim.
Eu escrevo por ser forte e quase nunca reconhecer e por ter aprendido que tudo isso é fraqueza, assim como você. Escrevo por ser o suficiente e eu quase nunca perceber. Eu sou igual você.
Vou escrever sobre o seu ex ser um baita filho da puta e sobre você também ser, sobre beber e foder, sobre o inferno e as vezes, um pouquinho do céu. Eu não sei, mas vou escrever.